El Baradei volta ao Egito no terceiro dia de protestos antigoverno
Prêmio Nobel da Paz diz que participará de protestos contra presidente.
'Ele serviu ao país por 30 anos, e é hora de que se aposente', disse.
Policiais enfrentaram manifestantes na quinta-feira (27) em duas cidades do leste do Egito, e o político reformista Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz, regressou ao país para aderir a um grande protesto nesta sexta-feira (28) contra o regime do presidente Hosni Mubarak.
Em sinal de que o desafio a governos autoritários está se espalhando pela África e o Oriente Médio, policiais também entraram em confronto com manifestantes no Iêmen e no Gabão.
Em Suez, no leste do Egito, policiais usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e jatos de água contra centenas de manifestantes que exigem a renúncia de Mubarak, no poder há 30 anos. Os participantes do protesto atiraram pedras e bombas incendiárias contra as barreiras policiais. Houve confrontos também em Ismailia, outra cidade do leste egípcio.
"Vou participar", disse El Baradei ao embarcar para o Egito. Ele vive em Viena, onde até 2009 dirigiu a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA, um órgão da ONU), cargo no qual recebeu o Nobel.Pelo Facebook, os organizadores convocaram protestos ainda maiores para sexta-feira, dia que é parte do fim de semana egípcio. Pelo menos mil pessoas foram detidas no Egito desde terça-feira.
"Eu gostaria que não tivéssemos de sair às ruas para pressionar o regime a agir", disse El Baradei, ao defender a renúncia de Mubarak. "Ele serviu ao país por 30 anos, e é hora de que se aposente", afirmou.
El Baradei eventualmente é criticado no Egito por passar muito tempo fora do país, mas analistas dizem que ele pode servir como líder para o movimento de protesto. O canal de TV Al Arabiya informou, em um breve letreiro exibido na tela, que El Baradei se disse "pronto para assumir o poder durante um período transitório se as ruas exigirem isso."
O presidente Barack Obama afirmou em entrevista divulgada no site de vídeos YouTube nesta quinta-feira que a violência não é uma solução para o Egito, fazendo um apelo a governo e manifestantes à contenção.A exemplo dos tunisianos, os egípcios se queixam do desemprego, da corrupção e do autoritarismo. Um funcionário do governo norte-americano disse que os protestos são 'uma grande oportunidade' para que Mubarak, um dos principais aliados dos EUA na região, promova reformas políticas.
Obama reiterou o pedido das autoridades americanas a que os manifestantes possam se exprimir livremente.
"O Egito é um dos nossos aliados sobre numerosas questões de importância", disse o presidente, lembrando que falou numerosas vezes com Hosni Moubarak sobre a importância extrema de realizar reformas no governo.
Mais protestos
Os manifestantes prometiam continuar os protestos, que já deixaram seis mortos e dezenas de feridos.
O movimento Juventude 6 de Abril, uma organização pró-democracia que está por trás das manifestações, pediu aos egípcios a continuidade dos protestos.
Mercados
A Bolsa de Valores do Cairo teve de interromper o pregão nesta quinta, por conta da forte queda no valor das ações em meio à incerteza política.
As negociações deveriam ser retomadas poucos minutos depois da suspensão, provocada pela baixa de 6,2%, informou a Bolsa em um comunicado. Na quarta, a Bolsa do Cairo fechou em queda de 6%.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/01/no-3o-dia-de-protestos-el-baradei-volta-ao-egito-1.html, acesso em 27/01/2011.
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