terça-feira, 12 de abril de 2011

KGB bielorrussa caça responsáveis por atentado no metrô de Minsk

Ignacio Ortega


Moscou, 12 abr (EFE).- O Comitê de Segurança do Estado (KGB) de Belarus deteve nesta terça-feira vários suspeitos de envolvimento no brutal atentado a bomba ocorrido ontem no metrô de Minsk que deixou em estado de choque a última ditadura da Europa.

"Foi como uma ducha de água fria. Estava no trem logo atrás e, quando passamos pela plataforma de estação da estação onde houve a explosão, pensei que estava em Israel ou na Rússia. Era algo surreal. Em Belarus não acontecem essas coisas", disse à Agência Efe Yaroslav Romanchuk, político opositor e ex-candidato à presidência.

Segundo o chefe da KGB local, Vadim Zaitsev, três pessoas já foram presas e estão sendo interrogadas por sua possível ligação com a explosão, que deixou 12 mortos e mais de cem feridos.

"Como principal suspeito, há uma só pessoa. É um homem de até 27 anos, de constituição bastante robusta. Não descartamos a versão de que haja cúmplices, e também cogitamos a possibilidade de participação de um mercenário", disse. acrescentando que "Este homem ainda não foi detido", explicou Zaitsev, que não confirmou a nacionalidade do suspeito.

Segundo o retrato-falado divulgado pela imprensa local, o atentado pode ter sido cometido por terroristas da região do Cáucaso, na Europa oriental.

"Tudo leva a crer que o suspeito seja do Cáucaso. O homem do retrato-falado tem feições típicas de quem é daquela região", disse à Agência Efe um jornalista independente que trabalha em Minsk.

A isto se soma o fato de especialistas em explosivos citados por agências de notícias russas terem sugerido que terroristas islâmicos do norte da Rússia - região que faz parte do Cáucaso - estejam por trás da explosão em Minsk.

A KGB, que ofereceu uma generosa recompensa a quem der pistas sobre os autores do atentado, apresentou três possíveis versões para o crime: uma tentativa de desestabilização do governo local, a ação de um grupo anarquista e a ação isolada de uma pessoa com problemas psíquicos.

"Que alguns não gostem do sistema no qual vive a sociedade bielorrussa, isto é um fato. É uma tentativa de instigar o medo, o pânico e o mal-estar com as forças de segurança, ou seja, com o poder", afirmou Zaitsev.

O chefe da KGB fez menção a certos grupos anarquistas juvenis vinculados à oposição e que participaram dos violentos distúrbios que se seguiram à reeleição do presidente, Aleksandr Lukashenko, no pleito de 19 de dezembro do ano passado.

Zaitsev também deu as boas-vindas aos especialistas antiterrorismo, criminalistas e médicos enviados por Rússia e Israel.

O promotor Andrei Shved, que investiga a explosão ocorrida na hora do rush na estação Oktiabrskaya, não muito longe da residência de Lukashenko, descartou que esta tivesse sido causada por um "terrorista suicida".

"É a primeira vez que encaramos algo do tipo. Com quase toda certeza foi uma bomba ativada à distância. A bomba tinha estilhaços, como bolas de aço, peças de metal e cravos", afirmou.

Shved, que destacou que a bomba tinha uma potência equivalente a pelo menos 3 quilos de TNT, também ressaltou que, até o momento, ninguém reivindicou a autoria do atentado, mas disse que "seu objetivo é claro: a instabilidade no país".

Quanto aos mortos no atentado, Shved explicou que "11 pessoas morreram na hora, e outra no hospital", enquanto 151 ainda estão internadas em hospitais de Minsk, 40 delas em estado grave e 58 de média gravidade.

Por sua vez, o veterano político bielorrusso Aleksandr Milinkevich negou hoje qualquer envolvimento da oposição no atentado.

"A oposição não utiliza métodos radicais", disse o político à emissora de rádio russa "Eco de Moscou".

Milinkevich acredita que os autores do atentado podem ser grupos que querem provocar a desestabilização do país ou aguçar seu isolamento da União Europeia, e não descartou que o atentado sirva para reforçar o poder de Lukashenko, considerado o último ditador da Europa.

O economista Yaroslav Romanchuk, candidato à presidência do país na controvertida eleição de dezembro, também pôs em dúvida a participação da oposição.

"É um preço alto demais a ser pago só para obter créditos para uma plataforma política", disse à Efe o economista em entrevista por telefone.

Belarus, a última economia planificada da Europa e o país que melhor conservou o estilo de vida soviético, era considerada, ao contrário da vizinha Rússia, uma ilha de estabilidade, imune até ontem à praga do terrorismo.

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