sábado, 12 de fevereiro de 2011

Militares prometem respeitar tratados internacionais no Egito

12/02/2011 11h49 - Atualizado em 12/02/2011 11h58

Conselho militar assumiu comando do país após queda de Hosni Mubarak.

Atuais ministros seguirão no cargo até novas eleições, informa comunicado.

Do G1, com agências internacionais
O Conselho Supremo das Forças Armadas que assumiu o comando doEgito um dia após a renúncia do presidente Hosni Mubarak, informou neste sábado (12) que seguirá os tratados internacionais e prometeu uma transição pacífica até que um novo governo civil seja eleito.
No comunicado divulgado pela TV estatal, os militares também disseram que o atual grupo de ministros seguirá nos seus postos até que um novo gabinete seja formado.
"O atual governo administrará os negócios até a formação de um novo governo", disse uma autoridade graduada do Exército.
"A República Árabe do Egito está comprometida com todas as obrigações e tratados regionais e internacionais", ele disse, numa declaração que deve tranquilizar Israel e os Estados Unidos.
Os tratados do Egito incluem o acordo de paz de 1979 com Israel, que tem acompanhado os acontecimentos no país vizinho com preocupação.
Manifestantes carregam soldado em comemoração na praça Tahrir, local símbolo dos protestos no Cairo, neste sábado (12)  (Foto: Suhaib Salem / Reuters)Manifestantes carregam soldado em comemoração na praça Tahrir, local símbolo dos protestos no Cairo, neste sábado (12) (Foto: Suhaib Salem / Reuters)
Mais cedo, o conselho militar havia informado que o toque de recolher, que já era amplamente desrespeitado em meio às manifestações, será reduzido e passará a vigorar da meia-noite às 6h da manhã no horário local _antes, havia sido fixado a partir das 15h.
O país amanheceu em festa neste sábado na primeira manhã sem o comando do ex-presidente Hosni Mubarak, que apresentou sua renúncia na tarde de sexta-feira (11). A madrugada foi repleta de comemorações pelo fim de 30 anos ditadura no país.
As três cidades testemunharam alguns dos maiores confrontos entre manifestantes anti e pró Mubarak nas últimas semanas, assim com enfrentamentos com forças de segurança. O Exército iniciou nesta manhã a retirada das barricadas formadas nos arredores da capital Cairo.Em Ismailia, ao norte, multidões ainda celebram a vitória do povo egícpio, enquanto que em Suez e Cairo, parte da população também segue comemorando nas ruas e praças que antes eram palco de violência e revolta. Milhares de jovens permanecerem enrolados em bandeiras do país, exibindo o sentimento de patriotismo do povo egípcio.
Hosni Mubarak, de 82 anos, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (11), após um governo de quase 30 anos e que era contestado desde 25 de janeiro por grandes manifestações populares.
Repercussão
Espera-se que a queda do regime Mubarak abale outros governos autoritários do mundo árabe.

Um forte esquema policial foi montado neste sábado em Argel, capital da Argélia, para impedir uma marcha de milhares de manifestantes para pedir uma mudança de regime no país. No Iêmen, manifestantes também foram às ruas pedir a renúncia do presidente.
O secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Said Jalili, afirmou neste sábado que a queda do presidente egípcio Hosni Mubarak demonstra o "fracasso dos Estados Unidos e do sionismo" na região.
No Iraque, o gabinete do primeiro-ministro Nuri al-Maliki divulgou um comunicado no qual felicita o Egito e afirma estar convencido de que o povo encontrará novos dirigentes à altura de suas "aspirações".


A China divulgou um comunicado no qual deseja que o Egito recupere sua estabilidade e ordem social em breve. A Coreia do Sul manifestou neste sábado que "respeita" a decisão de Hosni Mubarak de renunciar ao cargo de presidente do Egito, e defendeu eleições "livres e justas" no país.

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O anúncio da renúncia foi feito pelo recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, em um curto pronunciamento na TV estatal. Mubarak entregou o poder ao Exército, disse Suleiman, com ar grave.

"O presidente Mohammed Hosni Mubarak decidiu deixar o cargo de presidente da república e encarregou o Alto Conselho Militar de cuidar das questões de Estado", disse Suleiman.
Os crescentes protestos que derrubaram Mubarak deixaram mais de 300 mortos e 5.000 feridos. Eles começaram em 25 de janeiro, inspirados pela queda do presidente da Tunísia, e tiveram impulso na internet, que comemorou a queda do ditador.
O vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, anuncia nesta sexta-feira (11) a renúncia de Hosni Mubarak (Foto: AP)O vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, anuncia nesta sexta-feira (11) a renúncia de Hosni Mubarak (Foto: AP)
O ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, deve ser o chefe do conselho, segundo fontes militares. Ele passou em frente ao palácio presidencial, no Cairo, no início da noite desta sexta, saudando a multidão.
O conselho poderia derrubar o gabinete de ministros de Mubarak, fechar as duas casas do Parlamento e governar diretamente com a Corte Constitucional, segundo a TV Al Arabiya.
O país tem eleições presidenciais marcadas para setembro.
Celebração

A notícia da renúncia, exigida pelos manifestantes, foi imediatamente celebrada com festa nas ruas do Cairo e das outras grandes cidades do Egito.

Por volta das 18h locais (14h de Brasília), na lotada Praça Tahrir, que foi o centro nervoso dos protestos, manifestantes cantavam: 'o povo derrubou o governo'.
Manifestantes se abraçavam, e algumas pessoas desmaiaram de emoção. O fato de o Exército participar da transição foi bem recebido pela população nas ruas.
Houve comemorações em outros países árabes, como a Tunísia (assista ao lado), e egípcios celebraram a notícia até em São Paulo.
Oposição

O oposicionista Muhamed ElBaradei, uma das principais figuras dos protestos, disse que o Egito "esperou por décadas" por este dia. Ele afirmou esperar que povo e Exército governem juntos durante o período de transição.

A Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, parabenizou o povo e o Exército do Egito pela notícia. Eles celebraram o fato de que o Exército "cumpriu suas promessas".
Egípcio, com bandeira do país, comemora o anúncio nesta sexta-feira (11) (Foto: AP)
Egípcio, com bandeira do país, comemora o
anúncio nesta sexta-feira (11) (Foto: AP)
O blogueiro Wael Ghonim, um cibermilitante que passou 12 dias preso e virou ícone do movimento, escreveu no seu Twitter: "Parabéns ao Egito, o criminoso deixou o palácio".
Manifestantes que faziam vigília na Praça Tahrir disseram que, após a festa, voltariam para casa.
"Nós podemos finalmente ir para casa!", disse chorando Mohammed Ibhahim, de 38 anos, um dos organizadores dos protestos. "Nós estamos aqui há 18 dias esperando ele ir embora e conseguimos."
EUA e Europa



Fora do Cairo

Mubarak havia partido pouco antes para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, informou Mohammed Abdellah, porta-voz de seu partido, o Nacional Democrático.

Ele, que tem uma residência no balneário, saiu em meio a mais um dia de grandes protestos de rua.
O governo da Suíça anunciou que vai congelar os possíveis bens de Mubarak no país, segundo a chancelaria.
mapa do egito com dados (Foto: Editoria de Arte / G1)Dados do Egito (Foto: Editoria de Arte / G1)
'Saída honrosa'

O deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer afirmou nesta sexta que Mubarak comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que estava buscando uma "saída honrosa".

"Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída", afirmou Ben Eliezer à rádio militar.
Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.
Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, e o país tem apoiado os EUA em seus esforços para tentar encerrar o conflito entre israelenses e palestinos. Nesta sexta, a Casa Branca pediu ao novo governo egípcio que respeite a paz com Israel.
Na semana passada, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou para o risco de uma revolução islâmica no Egito, inspirada no modelo iraniano, se o grupo opositor Irmandade Muçulmana eventualmente assumisse o poder.

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