Ainda há muitas dúvidas em relação aos incidentes. A maior talvez esteja nas motivações dos ataques. As suspeitas primeiro recaíram sobre radicais islâmicos, principalmente depois que o jornai New Yor Timesnoticiou que os jihadistas da Ansar al-Jihad al-Eleimi havia emitido um comunicado assumindo a autoria. Depois, com a retratação do grupo e a prisão de um noruguês nos arredores de Utoya, a polícia trabalha com a hipótese de que "movimentos locais antissistema" estariam por trás da ação, que, inclusive, teria sido coordenada.
O premiê Jens Stoltenberg disse, em entrevista coletiva concedida junto do ministro da Justiça, Knut Storberget, disse que a "resposta para a violência será ainda mais democracia". Stoltenberg chamou de "sangrentos e covardes" os atentados e prometeu uma resposta firme. Segundo ele, a morte de crianças é "mais do que o suficiente para reagir fortemente". "Nós permaneceremos juntos nesse período de crise", disse o chefe de Estado. Stoltenberg recebeu o apoio de outras autoridades, como David Cameron, Barack Obama e Nicholas Sarkozy.
As primeiras imagens foram publicadas no Twitter e mostraram o tamanho dos ataques no centro de Oslo. Centenas de janelas de prédios governamentais voram pelos ares, jogando no meio da rua móveis e documentos. Aos poucos as informações foram chegando. Primeiro, veio a confirmação de que duas pessoas haviam morrido e que pouco mais de uma dezena estava gravemente ferida. Logo este número aumentou, e chegou a sete vítimas fatais.
Imagens de TV mostraram vidros e escombros nas ruas e fumaça saindo de alguns prédios. A carcaça de ao menos um carro estava na rua, e testemunhas disseram "sentir cheiro de enxofre". Todas as ruas de acesso ao centro da cidade foram fechadas. Forças de segurança retiraram as pessoas da área, temendo outra explosão. Uma repórter da rede estatal NRK disse que a situação era muito confusa após as explosões. "Vi que as janelas do edifício do Verdens Gang (VG) e da sede do governo estavam estilhaçadas. Há pessoas ensanguentadas na rua", declarou a jornalista Ingunn Andersen.
Como a explosão aconteceu em um local muito próximo do escritório do premiê, houve o temor de que ele pudesse ter sido atingido. Mas logo o governo tratou de tranquilizar a população. Em entrevista por telefone uma rede de TV, ele classificou o fato como grave. "Apesar de estarmos bem preparados, sempre é muito dramático quando acontece", declarou o chefe de governo. Naquele momento não se sabia onde Stoltenberg estava. Ele informou que não podia dizer onde estava por questões de segurança.
Quando a Noruega ainda tentava saber o que havia acontecido no centro de Oslo, chegou a notícia de que um atirador abriu fogo contra uma reunião da juventude do Partido Trabalhista, que estava sendo realizada em um acampamento de verão na ilha de Utoya, que não fica longe de Oslo. Assim como na capital, as informações demoraram a chegar. Tudo indicava que só haviam feridos. Mas testemunhas afirmavam, em entrevistas a redes de TV locais, que havia dezenas de corpos boiando na água do lado que circunda a ilha.
Depois de horas de silêncio e informações contraditórias, a polícia se manifestou, dizendo que entre nove e dez pessoas morreram no tiroteio. Enquanto isso, helicópteros mostravam outras dezenas de pessoas que tentaram fugir do local a nado, se jogando em águas geladas. Forças antiterror foram enviadas a Utoya e prenderam um homem norueguês, loiro e de pele clara, fato confirmado mais tarde pelo premiê, durante a coletiva. No final da noite de uma das sextas mais trágicas da história da Noruega, a suspeita do ataques recaía para ativistas de extrema-direita.